sábado, 26 de julho de 2008

O riozinho

Todos os dias ele andava pela cidadezinha onde morava e ficava observando a sujeira das ruas. Ele observava crianças brincando e comendo seus pacotes de bolacha e jogando o papel no chão. Mascavam os chicletes e jogava a gominha na rua. Comiam o pastel e jogavam o guardanapo no bueiro.

Observava também os adultos, que fumavam seus cigarros e depois amassavam a bituca com o pé. Ele também fumava, mas sempre procurava jogar o que sobrou no lixo. Achava um absurdo, já que ouvia nos noticiários que a poluição está destruindo o mundo e o consumo humano é uma das principais causas de tamanha catástrofe.

Ele acreditava no apocalipse, por isso, julgava com muito maus olhos as pessoas que jogavam sujeira nas ruas e nos rios. Aliás, na cidade onde morava, havia dois rios: um grande e outro bem pequeno, que cortava a cidade. Este recebia dejetos de esgotos, muita sujeira, principalmente perto das três pontes que o atravessavam na cidade.

Todos os dias ele chegava perto desse riozinho para fazer o que tinha que fazer todos os dias e acabava refletindo sobre a sujeira do riozinho. Ele lembrava: “Nossa, quando eu era pequeno, brincava nesse rio com meus amigos. Era tão bom, não havia tanta poluição, era um lugar agradável.” Mas tudo eram lembranças.

Ele lembrava de quando brincava de esconde-esconde debaixo da ponte, ou então quando subia o riozinho andando até perto de uma pequena cachoeira que havia há uns 200 metros de onde morava, rio acima.

A pequena cachoeira caía nas pedras, escorria a água entre elas e, mas abaixo, formava uma grande piscina, onde ele nadava de um lado para outro com os amigos. Depois da piscina, a água escorria pelo leito do rio, formando uma correnteza perfeita para descer de bóia.

As bóias eram câmaras de ar de tratores ou carros. Mas a descida no rio não poderia acontecer sem antes passar pelos pés de goiaba que cresciam no meio do pasto, sempre com umas goiabas bem grandes. As brancas ele não gostava não, mas comia.

Tinha também, quando era final e início de ano, um pé carregado de manga espada. A competição era sempre para ver quem conseguia acertar a manga no alto do pé, aquela que nem é a maior nem a mais bonita, mas é sempre a mais difícil de catar, o que a torna maior, mais bonita e saborosa. Tudo isso ele se lembrava todos os dias que ia ao rio para fazer o que tinha que fazer todos os dias.

Hoje, o riozinho não passa de um riozinho sujo, imundo, cheio de coisas no fundo. Não existem mais os pés de goiaba e nem as mangas são boas como antes. A cachoeira mudou de cor. A ponte está quase entupida de tanto lixo que as pessoas jogam. Foi ao redor deste rio que ele passou os melhores dias de sua infância.

Ele também não deixa os filhos brincarem no rio porque podem pegar qualquer tipo de doença. Ele também se pergunta como o riozinho foi ficar assim? Como as pessoas podem não ter noção do mal que fazem? Ele também sabe que a sujeira das ruas vai toda para rio quando chove. Sabe que, se cada um fizer sua parte, é difícil, mas a coisa pode mudar.

No entanto, hoje, ele chegou perto do riozinho para fazer o que tinha que fazer todos os dias: jogou a sacolinha com lixo do banheiro de cima da ponte, afinal, o caminhão de lixo não passou hoje e ele precisa se desfazer do lixo. Afinal, o que é apenas mais uma sacolinha de lixo perto de tantas outras acumuladas aí embaixo da ponte? E, observando o rio, percebeu que não havia nenhuma lata de lixo por perto, jogou a bituca do cigarro de cima da ponte e foi embora.

5 comentários:

Anônimo disse...

essa historia é muito enteressante...
por que ele só estava vendo o que os outros fazia mais e oque ele estava fazendo para o meio ambiente ele não via.

=D

Gabriel Lemos Felipe disse...

Muito enteressante essa historia..

ele só via o que as outras pessoas faziam mais oque ele fazia ele nem se emportava..

=D

Anônimo disse...

É infelizmente muitos de nós somos
assim...
E nem percebemos,ou percebemos e tentamos escorder!!

Alexandre disse...

Há um certo exagero, mas enfim...
Tá bom, gostei.
rsrs...
Depois te falo quem pensei que fosse o menino...

Unknown disse...

pois eh.. infelismente é desse jeito mesmo...
e vc faz isso senhor Danilo??????????