domingo, 21 de fevereiro de 2010

Iemanjá, a Ladra do Mar

Eu sou muito azarado com acessórios. Colares já tive diversos, talves centenas deles. De bijuteria, desses de sementes, de côco, de tudo quando é tipo. Já tive pulseiras, tornozeleiras e gargantilhas. Relógios e óculos então, já perdi as contas de quantos tive. Sempre perco, empresto, quebro, encho de água, estrago. Enfim, acessórios e eu são duas palavras que não se conjugam.

E quando há uma ajudinha divina, é pior ainda.

Saí da casa onde estava alojado, em Balneário Camboriú (SC), na semana passada. Passei na esquina, comprei um óculos. Coloquei o acessório e saí correndo para a praia, que fica há uns 50 metros dali. Como uma criança feliz, pulei na água e dei aquele mergulhão. Resultado: perdi mais um acessório. Não vou mentir que, apesar dos sete quilômetros de praia, procurei bastante.

Foi quando o Dorival disse pra mim que a causa disso tudo poderia ser a ira de Iemanjá. E eu, claro, aceitei na hora. Muito mais fácil colocar a culpa na coitada do que admitir que é uma tremenda burrice dar um mergulho de óculos numa praia lotada. A partir daí, comecei crer que Iemanjá realmente tem a ver com isso.

O próprio Dorival, um dia antes, perdeu dez reais no mar, mergulhando com grana no bolso. Quase na mesma hora, achei dois reais boiando. Talvez Iemanjá tenha comprado umas duas águas de côco e devolveu o troco. Depois, pegou meu óculos e não devolveu. Ou seja: pegou dez reais de um, deu dois reais pra outro, roubou um óculos (de dez reais) de outro. Resultado: Iemanajá está devendo dezoito reais pra gente. Fora as peripécias que a tal Rainha do Mar deve ter aprontado com mais gente.

Mas por que ela faria isso? Já não bastam as oferendas que a bonitinha recebe dos fiéis? Deixa ela encontrar Poseidon na frente pra ela ver o que é bom!

Os óculos, eu tenho certeza que estão bem ali atrás

Mas, resumindoo, o fato é que ainda tenho esperanças de encontrar meus óculos. Não, não voltarei ao lugar do roubo e nem espero que ela me mande por Sedex.

Marquei uma entrevista com ela pra esclarecer alguns fatos. Quem sabe ela me convence de que não foi ela que levou o dinheiro, os óculos e devolveu o troco. Ou então, se foi ela mesma, me explique o porquê.

A entrevista com Iemanjá, a Ladra do Mar, você confere aqui mesmo no blog, na semana que vem.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Coisas de horário de verão

Quando eu era criança, em tempos de trasantontem, eu não via a hora de chegar outubro e ficava triste quando chega final de fevereiro. O horário de verão sempre foi uma alegria danada, tanto pra mim quando para meus amigos.

Horário de verão era sinônimo acordar junto com o sol, sentir cheiro de orvalho fresco e parecer que você era o primeiro no mundo a acordar. Isso era a parte da manhã.

Mas a parte da tarde era a melhor. Além de poder sair da escola e ir direto para o campinho, podíamos descansar um tempão, pra ir jogar futebol de novo e bets mais tarde, até oito e meia da noite, sem ver o tempo passar. Me lembro que me esquecia até de comer porque quando escurecia era hora do esconde-esconde. Sem perceber, já passavam das dez e meia e era hora de dormir pra começar tudo de novo.

No entanto, conforme o tempo passa, já não dá mais pra fazer isso e o horário de verão foi se tornando uma grande chatisse. Juro que quando dava sete da noite até pensava: nossa, a essa hora poderia estar jogando bola ainda. Mas não dava, era hora de estudar e ir trabalhar no outro dia. Descobri que acordar cedo no horário de verão é pior coisa do mundo.

Descobri que sair do trabalho e ir direto estudar no horário de verão é uma das piores coisas do mundo (só perde para acordar). Descobri que, ao chegar do trabalho a gente fica cansado e não dá para descansar com um sol de 40 graus lá fora. A gente fica grudento.

Enfim, são problemas de adulto. Criança não liga pra nada disso. Eu não ligava pra nada disso. Mas hoje eu ligo. Por isso, dou graças a Deus pelo horário de verão terminar hoje e eu ter, pelo menos hoje, uma hora a mais pra dormir.

Mesmo assim, acho legal ver a criançada aqui na rua de casa fazendo as mesmas coisas que eu fazia na idade deles. Tudo por causa do horário de verão. Tomara que eles aproveitem bem, porque o horário de verão é o horário da criançada. Foi feito para elas.

Hoje em dia, não vejo mais muitas vantagens não. Uma das únicas é a tal economia de energia, mas eu nem sei se isso existe mesmo. A outra, na verdade uma curiosidade, eu descobri agora:

Comecei a escrever esta postagem às 23h40 do dia 20 de fevereiro e terminei às 23h5 do mesmo dia! A mudança de horário fez com que eu escrevesse tão rápido, mas tão rápido, que eu terminei a postagem antes mesmo de começá-la.

Isso realmente foi incrível!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sem assunto

Tenho exatamente 15 minutos para pensar e escrever alguma coisa aqui no blog. Isso porque estou em uma lan house e tinha exatamente o preço da hora no bolso: R$ 2,50.

Preciso escrever uma postagem.

Mas 15 minutos é muito pouco. O que dá para fazer em 15 minutos?

Talvez almoçar com pressa. Fazer 5 miojos. Ou que sabe jogar paciência. Sei lá. Dá até para fazer um filho. Ô, se dá. Poderia até escrever sobre isso, mas não sairiam mais do que "ohs" e "ahs".

13 minutos.

Droga, o tempo está acabando e eu não sei ainda o que escrever. Posso escrever sobre o intervalo de um jogo de futebol. Mas também não tem muita graça. Estou no litoral, poderia escrever sobre isso. Mas como acabei de chegar, não tem muita coisa. Ficaria bem chato.

11 minutos.

Nossa, tem um livro do Paulo Coelho com esse nome. Ou não é dele? Deixa eu pesquisar no Google.

9 minutos.

Realmente é do Paulo Coelho, publicado em 2003. Mas agora não tem mais graça, demorei demais pra procurar e ainda publiquei a postagem sem querer e já me atrapalhei pra consertar. Meu tempo está acabando e, no fim, acho que não vou escrever sobre nada, não é?

Pensando.

Pensando.

Pensando.

7 minutos.

Bom, vou postar.

Esta é a pior postagem já publicado aqui no blog. Aliás, acho que é a pior postagem publicada em todos os tempos desde quando existe internet.

Tenho vergonha de mim mesmoo por isso!

Perdão!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"Informar para tranformar"

Este é o lema da autora do blog "Diário de um repórter", a Ariane Fonseca, de Lorena, São Paulo.

Ela está no 4º ano de jornalismo e mantém um blog bem legal. Pelo jeito ela é bem idealista e diz que escolheu o jornalismo para poder mudar o mundo. Por isso, o "informar para transformar". E outra: ela escreve muito bem.

Uma das últimas postagens dela foi "40 motivos para se casar com um jornalista". Quem estiver procurando alguém para juntar as trouxas, dá uma lida lá. Me procura que eu passo meu telefone. Se com 40 motivos ninguém me quiser, eu entro para o seminário.

O único problema é que ela é corinthiana. Mas ninguém é perfeito mesmo.

Vale a pena dar uma passadinha no "Diário de um repórter".

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Nota de falecimento

Não vou colocar foto. Não vou escrever um longo texto. Não vou ficar escrevendo aqui o que já foi tanto falado, o que já foi tanto discutido em tantas mesas redondas de tantas emissoras de televisão e rádio. Não vou. Não precisa.

Gostaria apenas de prestar minha solidariedade e meus sinceros pesares em relação ao falecimento de Rogério "Não Sabe Perder" Ceni. Porque ser humilhado duas vezes em um mesmo jogo, como mandante, contra um arquirival, por um moleque com um terço de sua idade, e por outro que já havia lhe causado tantas outras tristeza e que ainda povoava seus pesadelos todas as noites, realmente não é fácil.

Em épocas de tanta alegria, verão, carnaval, este glorioso senhor não merecia passar por isso. Primeiro naquele penalti que nem foi, afinal, não é futebol americano? Depois, naquela paradinha tão covarde. Tanto esforço para dar aquele salto, afinal, ele não poderia relaxar contra o arquirival. Superou as artrites, artroses, osteoporoses, miopias, tromboses, calvices e andropausas para, num esforço sobrehumano, dar aquele salto para pegar a pelota.

Mas aquele covarde parou. Mesmo meia hora parado ali, caído, Ceni não consegui voltar. O moleque parou, riu, tomou leite com chocolate, soltou pião e papagaio, chupou picolé, brincou de pique esconde e fez mágicas no baralho antes de bater o penalti, que passou devagarinho ao lado do pé esquerdo necrosado do velhinho, que não pode fazer absolutamente nada, a não ser pedir ajuda para se levantar.

Este ano, ele não vai pular carnaval, pulou muito antes.

No segundo tempo, a humilhação dobrou quando o senhor de palavras tão bem cauculadas quanto impensadas viu o outro menino. Mais experiente e forte. Ficou desesperado. Tanto que nem os aparelhos que o mantinham vivo conseguiram suportar. O moleque pegou tão rápida a bola, de letra, que nem se o velho goleiro estivesse em ótima fase como na época do Brasil colônia, ele conseguiria pegar. A bola bateu lá no fundo e derrubou o balão de oxigênio que estava pendurado na trave. Foi o fim para ele.

Tentaram a reanimação, mas a outra equipe tinha armas muito melhores e mais bem preparadas. Restou ao São Paulo desligar os aparelhos e esperar pelo fatídico fim. Mas era de se esperar porque um santo só não pode vencer todos os santos. Ainda mais com anjos que pedalam, voam e bailam em campo. Foi covardia.

Meus pêsames aos são-paulinos e ao senhor Rogério "Não Sabe Perder" Ceni.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Duro na praia

Há algum tempo venho enfrentando uma séria crise financeira. Nunca deixei de pagar em dia as contas do mês. Semopre fui uma pessoa totalmente disciplinada neste quesito. Mas nos últimos tempos, com álbum de formatura (ai, como me arrependo), seguro obrigatório da moto (que estava atrasado desde agosto e eu paguei no final de janeiro), e muitas e muitas despesas, não sei como consegui me virar até agora, pois só recebo no dia 10 e tenho três reais na carteira.

Cada real que sai dela eu quase choro.

Acho que é por isso que eu estou escrevendo num blog, às oito e meia da noite de um sábado muito quente, dentro de um quarto mais quente ainda. Fazer o que? Ir à festa? Que nada, nem gosto. Ir ao pré-carnaval? Que nada, prefiro ficar em casa, assistindo TV e derretendo.

Em janeiro, tive de escolher algumas contas pra pagar. Escolher não, sortear. Coloquei todas as contas em uma caixa e sorteei quais seriam as felizardas que seriam pagas na primeiro mês do ano. As que ficaram pra trás serão pagas em fevereiro. E ai da loja que me ligar cobrando! Ela corre o sério risco de não participar do sorteio no mês que vem!

Com este monte de contas pra pagar, tantas prestações e preocupações, só tenho uma coisa a fazer este mês. VOU VIAJAR PRA BALNEÁRIO CAMBORIÚ NO CARNAVAL!

Já reservei minha passagem na excursão. Vou pagar em três vezes no cheque.

Minha avó, sempre cautelosa me disse: "Reclama tanto de falta de dinheiro e vai à praia..." Mas eu respondi: "Se eu não for, vou reclamar do mesmo jeito e o dinheiro vai faltar do mesmo jeito." Ela disse: "Mas e as contas?" Eu respondi: "Que contas? Ah, me fala de contas só no mês que vem. Até lá e preparo outro sorteio."

Vou durasso à praia. Ainda bem que temos direito a almoço, café e janta.

O importante é que eu vou. E terei história pra contar depois. Só não vou à praia de nudismo, porque lá não pode entrar duro.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Os Vermes



"Vermes e políticos têm mais em comum do que se pensa. Ambos fazem caminhos tortuosos, estão em todos os lugares e preocupam-se, antes de tudo, com sua sobrevivência. Há porém uma diferença: os políticos tentam entender a natureza da política, os vermes, a política da natureza. Eu, que conheci estes dois tipos de vermes, sei do que estou falando."

Este é um trecho do prefácio do livro "Os Vermes", de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Aí ele já começa interessante, porque o prefácio é escrito por ninguém menos que Nicolau Maquiavel (psicografado).

O livro conta a tragetória de Eurytrema pancreaticum, um simpático vermezinho, desde quando ele entra em um corpo humano até sua morte. Este corpo humano é de um político muito corrupto que o autor chama de Ele.

O legal da história é que as tragetórias dos dois (verme e político) são muito parecidas. O político quer ser presidente da cidade, que tem a forma de uma pessoa. Na cidade, cada órgão do corpo é um lugar da cidade que remete àquela parte do corpo. A cidade é o Zoológico e todas as pessoas tem nomes de animais.

Já o vermezinho vai conhecendo o corpo humano inteiro, conhecendo a religião Excrementista e vai recebendo os sete sacramentos nojentos ao longo da vida. Assim, ele conhece seu hospedeiros e o leitor vai percorrendo o corpo do homem na visão de um verme.

E o melhor de tudo: é super engraçado e inteligente.

Como já disse algumas vezes, adoro livros que têm capítulos curtos. E este tem. Curtíssimos até. Não passam de três páginas. São praticamente duas histórias paralelas: a do verme e a do político. E o final é muito legal, mas eu não vou contar.

Uma coisa chata é que às vezes ele fica meio monótono no meio. Mas é pouco. Totalmente superável. Paguei RS 15,00. Um pouco caro, por ter sido comprado em um sebo, mas não me arrependi. Foi um dos livros mais criativos que já li.

No final, dá até vontade de participar da religião Excrementista. Você acaba mesmo se convencendo de que tudo é excremento. Ou melhor, do excremento viemos, para o excremento voltaremos.

Como diz o próprio autor, há dois seres dos quais nós não conseguimos nos livras: os políticos e os vermes.

Honra e Glória ao Grande Excremento!

Opa, me empolguei...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Comecei bem

O relógio despertou exatamente às 6h30. Minha ideia era correr. Como era de se esperar, levantei. Abri a janela. Ainda estava tudo escuro. Como era de se esperar, desliguei o despertador e dormi de novo. O relógio despertou de novo às 7h30, mas eu só me levantei às 7h50. Tomei banho. Colhi ovos, leite, lã, romãs, cana e laranjas. Vendi o porco e comprei outro. Cheguei dez minutos atrasado no serviço.

Saí para fazer matéria. Entrevistei uma enfermeira da Secretaria de Saúde. Entrevistei a secretária de Educação. Entrevistei o Corpo de Bombeiros. Já não me lembro mais os assuntos. Pensei e chamar o cinegrafista pra ir comer uma salsicha enrolada em massa de pastel com queijo. Me lembrei que só tenho dois reais na carteira até o dia 10. Desisti. Editei. Almocei. Dormi. Editei. Editei. Fui embora. Pensei em abastecer a moto. Lembrei que só tenho dois reais na carteira até o dia 10. Desisti. Ainda bem que o tanque da moto tem reserva. Passei na Camila e combinei de ir quinta ou sexta-feira assistir "2012" no cinema.

Dei aula de violão. O padre veio benzer a casa. Mexi no guarda roupas e achei trinta reais (será que foi o padre?). Nunca fiquei tão feliz. Estou pensando em pedir pro padre vir amanhã de novo. Abri o computador para ver as contas do mês. Nunca fiquei tão triste. Fui pra academia. Fiz abdominais e caí do banquinho. Tentei me levantar com o braço direito. Não tive forças e caí de novo. Todo mundo riu. Passei na Joice e jantei. Ela me fez agradecer ao pai dela que comprou a comida, à mãe dela que fez a comida, ao irmão dela que me fez companhia, e a ela que me deixou jantar. Estava muito boa a comida, apesar de meio fria. Conversamos. A Joice está cada dia mais bonita. Chegaram o Douglas a Thalita e a Aline. A Thalita está cada dia mais pernuda. Tomamos sorvete. O Lu é muito legal, mas é adolescente e sempre está de TPM.

Fui embora. Tomei banho. Colhi ovos, leite, lã e romãs. Roubei algumas coisas, mas ainda não passei de nível. Tentei responder o mais cordialmente possível o recado da Fran. Respondi recados no orkut. Vou ler mais "O Chalaça", que está muito interessante. Ainda tenho uma leve esperança de acordar às 6h30 pra correr. Mas vou rezar o terço pra que chova amanhã cedo. Vou colocar o relógio pra despertar.

Se eu for correr, amanhã tem postagem.

Por favor, não entrem no blog amanhã.