sábado, 12 de julho de 2008

Eu e o futebol – parte 2

(Continuação da história da semana passada)

Qual a diferença entre paixão e amor? Eu mesmo respondo.

O amor é algo que dura. Como disse Camões, “é fogo que arde sem se ver”. A gente não percebe. É algo além de uma amizade, talvez uma amizade com sexo, como disse Rita Lee. O amor é algo que não deixa a pessoa louca. O amor faz a pessoa compreender o outro, aceitar o outro, entender o outro. Por isso, como diz a carta aos Coríntios, “o amor é paciente, é compassivo...”, etc e tal.

Já a paixão é algo bem diferente do amor. Se o amor é amizade com sexo, a paixão é só sexo. É um fogo que a gente vê arder. Há ciúmes, há loucura. Quer-se tudo na hora, tudo vai dar certo, tudo é lindo, não há defeitos, não há nada ruim, tudo é maravilhoso, é um fogaréu danado, um quer o outro, vai atrás, não está nem aí para o que o outro pensa, eu te quero, eu posso te ter, você quer me ter, eu também... até que... o fogo apaga.

Talvez, a melhor definição da relação que tive com o futebol, durante toda a minha infância, se encaixe na paixão. Foi algo que surgiu do nada e sumiu no nada. Talvez eu até tenha aptidão pra jogar. Talvez um pouco de visão de jogo, um pouco de domínio de bola e um pouco de inteligência. Mas ainda é pouco. Muitos poucos. Pouco mesmo. De forma alguma culpo o meu pai por tudo o que aconteceu. Eu é que dei margem pra isso.

Depois que meu pai ficou sabendo que eu havia me destacado no treino de futebol, a primeira coisa que ele fez foi comprar uma chuteira pra mim. Lembro como se fosse hoje minha mãe chegando com um par de Umbro, treze cravos, preta, linda. Me animei, não faltava a um treino sequer.

Comecei a disputar os campeonatos pela minha cidade, pela minha escola. Acho que eu era escolhido porque era piolho de treino. Chegava meia hora antes e saía meia hora depois. Mas eu não estava nem aí. Eu estava representando minha escola e isso era o que importava. Quando voltava dos campeonatos, a gente ficava famoso na escola. Todo mundo perguntava como foi, e isso empolgava demais.

Estava adorando jogar futebol e, por isso, me animei a fazer testes em alguns clubes de Londrina. Meus amigos iam, então eu fui também. Foi quando descobri algo que mudou para sempre minha carreira de jogador de futebol.

(Sábado que vem, a última parte da história, para o deleite dos meus leitores. Não pelo grandioso desfecho, o gran finale, mas porque é o fim mesmo)

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