sexta-feira, 9 de abril de 2010

Minhas primas me odeiam

Não sei porquê, mas elas me odeiam. Eu que tenho tanta facilidade com crianças, as crianças gostam de mim, mas minhas primas não. Ontem mesmo, parecia uma creche. Eu moro do lado de uma escola e antes da aula, a molecada vem aqui em casa conversar comigo à toa. Esses dias eu escutei eles discutindo quem era meu amigo há mais tempo.

Mas com as minhas primas é diferente. Não posso dizer que são todas, claro que não são. São as mais novinhas. Aquelas com um, dois, até três anos.

A Maria Luiza, por exemplo, tem uns três anos e me odeia. Ela fala de tudo, com todo mundo, conta histórias, uma gracinha. Mas quando me vê, fecha a cara. Uma vez, eu estava sentado na frente dela e ela estava olhando para um lado. Para que ela pudesse olhar para a mãe dela, que estava chamando, teria que passar o olhar por mim para chegar à mãe, que estava do outro lado. Pois a filha da mãe foi virando a cabeça, virando, virando, e quando o olhar passaria por mim, ela fechou os olhos. Só abriu quando chegou do outro lado.

Ela nunca veio no meu colo. Ela nunca falou comigo. Ah, falou sim, umas duas vezes, quando ela veio pedir meu capacete, porque ela adora capacetes. Mas foi puro interesse. E eu nem vou falar aqui que ela já me chutou, deu tapas e esnobou. E eu juro (e olha que dizem que não se pode jurar), juro mesmo, que nunca fiz nada de errado àquela menina!

Já com a outra prima, a Isadora, que tem quase um ano, é diferente. Bem diferente. É muito pior! Aquela lá jamais me deu um sorriso. Jamais me deu um abraço. Jamais me mandou um beijo. Jamais fez algo para mim que lembrasse qualquer tipo de carinho ou simpatia. Pelo contrário.

Quando meu tio chega em casa com ela, a menina fica olhando, olhando, olhando. Sabe quando você olha só para vigiar, porque se você virar as costas aquilo que você está olhando vai te pegar? Parece que é assim que ela me vê. Se eu chego perto, ela vira e abraça quem a estiver segurando (e quando eu digo "quem a estiver segurando" eu quero dizer qualquer pessoa mesmo, porque ela só não vem comigo).

Eu sou assim:

Mas a Isadora me vê assim:

Quem me vê escrever isto pode até dizer que é exagero e que a Isadora é só um bebê. Mas não é. Como é que com todo mundo ela brinca, sorri, abraça e manda beijo e pra mim não? Ela sabe muito bem o que está fazendo.

Mas anteontem eu me vinguei. Depois de tentar pela 53264º vez pegar ela no colo, eu consegui. Mas ela aprontou um berreiro tão alto, que parecia que, em vez de pegar no colo, eu tinha quebrado o braço, arrancado os cabelos, esmurrado, jogado no chão e apertado até os olhos saltarem para fora, tamanha era a gritaria e o pânico que podia se ver nos olhos daquela criança.

Desisti. Saí pra rua. Quando voltei, lá estava ela, brincando sozinha na área de casa, sorrindo. Quando me viu, parou, como os zagueiros paravam na frente de Garrincha e como param hoje na frente de Messi. O silêncio se fez. Dois caubóis esperando o menor movimento do adversário para sacar a arma com mais rapidez. Mas desta vez eu venci.

Gritei: "Chora! Chora! Chora! Eu cheguei! Chora!" E batia no muro enquanto falava.

Ela entrou em desespero e começou a chorar, esguelar e espernear de terror. Minha tia veio ao socorro da garota. Meu dever estava cumprido. Soltei a mesma risada do final de "Thriller" e entrei em casa. Depois até me arrependi, porque sei que agora é que ela não vai mesmo gostar de mim.

Hoje a minha tia me perguntou se eu poderia tirar fotos no aniversário dela de um ano. É claro que eu recusei. Eu gosto muito da Isadora, mas se for eu o fotógrafo, a coitada vai ficar com cara de pânico em todas as fotos. Vai ser o pior aniversário da vida dela. A primeira palavra que ela disse será "Danilo". Vou à festa, mas disfarçado.

A não ser que eu coloque uma máscara de Chuck, de Jason, de Pânico ou Michael Jackson. Com certeza ela tem menos medo deles do que de mim.

3 comentários:

Thay Gomez disse...

Amigo, acho que você precisa ter, apenas, mais um pouquinho de paciência.

Carinho, amor, são coisas que se conquistam, nunca acontece de repente. Você vai acabar descobrindo como chegar aos coraçõezinhos delas, não se preocupe. Quanto mais encucar com isso, pior será.

E, bom, de família a gente não foge, né?

Tente não dar atenção, quando estiver perto. Funciona com algumas pessoas =)

Maiury disse...

Danilo... to com medo de você!!
buaaaaaaaaaaaaaaaa buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... mãããeeeeeeeeeeeeee mãããeeeeeeeeee!!!

Brincadeira!!!

Meu irmãozinho estava igual com a minha vó, com o tempo passa, daqui uns cinco anos elas vão começar a falar com você!!

ahsuhausauhsuahs

Danilo disse...

Nossa, Mayuri, obrigado meeeesmo! Eu achei que esse dia nunca chegaria. Se forem cinco anos, tá bom! rsrsrsrs

Tyz, quem sabe com ajuda de muita reza....