quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Os Vermes



"Vermes e políticos têm mais em comum do que se pensa. Ambos fazem caminhos tortuosos, estão em todos os lugares e preocupam-se, antes de tudo, com sua sobrevivência. Há porém uma diferença: os políticos tentam entender a natureza da política, os vermes, a política da natureza. Eu, que conheci estes dois tipos de vermes, sei do que estou falando."

Este é um trecho do prefácio do livro "Os Vermes", de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. Aí ele já começa interessante, porque o prefácio é escrito por ninguém menos que Nicolau Maquiavel (psicografado).

O livro conta a tragetória de Eurytrema pancreaticum, um simpático vermezinho, desde quando ele entra em um corpo humano até sua morte. Este corpo humano é de um político muito corrupto que o autor chama de Ele.

O legal da história é que as tragetórias dos dois (verme e político) são muito parecidas. O político quer ser presidente da cidade, que tem a forma de uma pessoa. Na cidade, cada órgão do corpo é um lugar da cidade que remete àquela parte do corpo. A cidade é o Zoológico e todas as pessoas tem nomes de animais.

Já o vermezinho vai conhecendo o corpo humano inteiro, conhecendo a religião Excrementista e vai recebendo os sete sacramentos nojentos ao longo da vida. Assim, ele conhece seu hospedeiros e o leitor vai percorrendo o corpo do homem na visão de um verme.

E o melhor de tudo: é super engraçado e inteligente.

Como já disse algumas vezes, adoro livros que têm capítulos curtos. E este tem. Curtíssimos até. Não passam de três páginas. São praticamente duas histórias paralelas: a do verme e a do político. E o final é muito legal, mas eu não vou contar.

Uma coisa chata é que às vezes ele fica meio monótono no meio. Mas é pouco. Totalmente superável. Paguei RS 15,00. Um pouco caro, por ter sido comprado em um sebo, mas não me arrependi. Foi um dos livros mais criativos que já li.

No final, dá até vontade de participar da religião Excrementista. Você acaba mesmo se convencendo de que tudo é excremento. Ou melhor, do excremento viemos, para o excremento voltaremos.

Como diz o próprio autor, há dois seres dos quais nós não conseguimos nos livras: os políticos e os vermes.

Honra e Glória ao Grande Excremento!

Opa, me empolguei...

2 comentários:

Thay Gomez disse...

Psicografado?
O.o
Eu tenho meus amores por Maquiavel hehehe

Também prefiro novelas, justamente pela característica de capítulos curtos.

Este livro me lembrou muito Memórias Póstumas de Brás Cubas =D

Danilo disse...

Tyz, é que o autor é muito sarrista. Claro que não psicografado de verdade. O prefácio talvez seja uma das melhores partes do livor.

Ah, o autor, José Roberto Torero, é jornalista e tem um blog super legal. Ele também é colunista da folha de São Paulo. Ele escreve só sobre esporte (mais futebol) e é santista. Mas o blog serve até para quem não gosta. É um dos blogs que eu leio diariamente.

O link é esse: www.blogdotorero.blog.uol.com.br