domingo, 4 de julho de 2010

As curvas do Vale do Ribeira

Cheguei hoje de madrugada de Adrianópolis. Lá será realizada a 25ª Romaria da Terra do Paraná, em agosto e ontem houve um reunião.

Adrianópolis fica no Vale do Ribeira, uma região de mata atlântica na divisa entre Paraná e São Paulo. E Adrianópolis fica bem no meio do vale. Mas outra hora eu falo sobre a cidade. Agora quero falar sobre a viagem.

Este é o mapa que mostra o caminho que fizemos até lá:


Adrianópolis fica bem aqui ó:


Saímos às 19h de Jataizinho. Passamos por Assaí, São Sebastião da Amoreira, Ribeirão do Pinhal, Santo Antonio da Plantina e Carlópolis, que já divisa com o Estado de São Paulo. Entramos em São Paulo.

Daí para frente: Fartura, Taquarituba, Itabera, Itapeva, Capão Bonito.

De Capão Bonito para frente, só por Deus, porque a partir daí entramos no Vale do Ribeira, que deveria se chamar Vale da Ribanceira. É quando começamos a voltar para o Paraná. A estrada (SP-250) se torna estreita, sem acostamento e cheia de buracos. Mas o pior não é isso. O pior são as curvas.

Você já andou na Serra do Mar? Já? Não gostou? Passou mal? Então neste trecho que andamos entre Capão Bonito e Adrianópolis, passando por Apiaí, Ribeira e outros municípios minúsculos por ali, você iria querer morrer.

Parece ser uma região esquecida do mundo. Até 100 metros antes de entrar na cidade, você não a vê, simplesmente porque a cidade fica escondida no meio das montanhas. Parace uma cidade numa cratera de vulcão. Mas Adrianópolis é mais longe ainda, porque ela fica lá embaixo, no pé do vale, na beira do rio Ribeira.

Aliás, esta é a cidade de Ribeira, que faz parte do Estado de São Paulo:


E esta é Adrianópolis, que é Estado do Paraná, mas é vizinha - separada por uma ponte - de Ribeira:


São cidades com origem nos resquícios da escravidão, ainda no início do século. Há muitas comunidades quilombolas. Para fugir das senzalas do litoral ou região de Curitiba, os negros se embrenhavam pela mata e procuravam os locais de mais difícil acesso. Assim, surgiram as cidades da região.

Foram cerca de 120 quilômetros de curvas, curvas e mais curvas. Muitas curvas. Quando eu digo curvas, digo curvas de 90, 120, 180, quase 360 graus. Pura descida. Puro buraco. Pura escuridão. Até agora estou me perguntando como é que as pessoas que moram lá conseguiram levar os materiais de construção praquele fim de mundo. Não consegui pensar um caminhão cheio de mudanças descendo aquele vale.

Mas pensando bem, não deve ser tão difícil, porque empresas mineradoras sobram por lá. Acabam com a natureza, exploram os locais e deixam as cidades do Vale do Ribeira na miséria. E sabe qual é a empresa que explora o minério lá em Adrianópolis? A Sanderson, nossa vizinha de Londrina.

O rio Ribeira, de tão poluído e contaminado por causa do chumbo, não tem peixe. Por isso, não há pesca na região. As cidades "sobrevivem" única e excluisivamente de mineração, já que não há onde plantar, porque as montanhas em volta, gigantescas, não permitem a atividade.

No mais, o lugar é lindo. Fiquei impressionado com a beleza do Vale do Ribeira. A Romaria da Terra é no dia 15 de agosto. Estarei lá e levo minha câmera fotográfica porque desta vez eu esqueci e não tirei foto alguma.

OBS: Na volta, ao chegar em Taquarituba, passamos direto e só quando estávamos chegando em Avaré é que percebemos o erro. Tinha uma placa indicando que logo logo entraríamos na Castelo Branco, rumo à capital paulista. Até pensamos e ir na 25 de março, mas voltamos e seguimos viagem até Jataizinho.

2 comentários:

Thay Gomez disse...

Obrigada pelas dicas, no meu post, amigo =)

E por nos mostrar um pouco deste cantinho esquecido pelo mundo. Gostei de conhecer, mesmo que à distância.

Bjo!

Unknown disse...

Mesmo sendo um local de difícil acesso, qdo vc chega lá não quer mais ir embora...Acho que vc é prova disso...

Queria ficar lá rsrsrs... Quanto a perder o caminho.. vc deveria compartilhar um pouco, do pq isso aconteceu kkkk...Acho que a culpa foi sua, tirou a atenção do motorista...rsrs

Rssss..Bjokas