Semana passada, no Carnaval, participei de uma missa lá em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Seria uma missa normal, se não fosse tão diferente. Ou talvez tenha sido uma missa normal mesmo, e só aqui na minha cidade é que seja diferente. Eu explico.
Era um domingo de manhã, portanto, missa das crianças. E, como o nome já diz, é uma missa DAS CRIANÇAS. O padre, em momento algum, usou o missal. As orações ele já tinha na ponta da língua. Antes de começar a missa, as crianças são chamadas a sentarem no altar. E todas vão.
Na hora do Evangelho, o padre nem pegou a Bíblia. Ele chamou todas as crianças para que ficassem em volta dele e, então, contou a história para elas, de um modo que elas prestaram atenção de maneira impressionante. "Crianças, vocês não imaginam o que aconteceu depois. Como tinha muita gente na frente, levaram o aleijado pra cima do telhado, amarraram e colocaram ele dentro da casa onde Jesus estava", disse o padre.
Na homilia, não houve sermão, mas uma conversa com as crianças. O padre perguntava, as crianças respondiam e discutiam. Todas levantavam a mão para responder. Todas participavam. Na consagração, todas elas ficaram em volta do altar, sempre atentas.
Enfim, há muito, mas muito tempo mesmo, eu não prestava atenção numa missa. Não me lembro do Evangelho desta semana, mas daquele, eu vou me lembrar sempre, porque chamou minha atenção.
Pois bem. Aqui na minha cidade é totalmente o inverso. As crianças só vão à missa em tempos de catequese. Em férias, nem sinal delas na missa que, teoricamente, é para elas. Só teoricamente, porque o padre reza a missa como se estivesse num velório. Inseguro, voz massante, ininteligível.
Qual a criança que vai se interessar em ir a uma missa chata, onde ela assiste e não participa? Não tiro a razão delas quando, por qualquer motivo, faltam. Não há motivação. E não digo só aqui em Jataizinho, mas na maioria dos outros lugares. Gente, acabou-se o tempo das missas em latim. Acabou-se o tempo em que a igreja Católica era a única. Acabou-se o tempo em que o padre falava e todo mundo ficava quieto.
É preciso que bispos, padres e equipes litúrgicas planejem formas para que a missa, que é "dever de todo católico participar", se torne algo mais prazeroso, principalmente para as crianças. Não adianta dizer que ela deve ir à missa por obrigação, ou porque é tradição de família. Balela! E isso não é só nas igrejas não, mas em qualquer lugar. Na escola, até.
Como a igreja Católica quer arrebanhar jovens e crianças se a missa, coisa básica, não é algo atrativo? Se são massantes, e duram eterna uma hora? Se as crianças vão à catequese e vêem catequistas despreparados ou desmotivados? Se o padre não sabe falar numa linguagem que interaja com as pessoas, principalmente crianças?
Olha, não sou das pessoas que comungam das idéias da Renovação Carismática Católica, muito pelo contrário. Mas, querendo ou não, é a ala da igreja que mais atrai jovens, porque é dinâmica, porque é alegre, porque tem uma espiritualidade mais jovial. Ela aproveitou a brecha deixada pelo declínio dos movimentos sociais e hoje "toma conta" da igreja. Cadê os movimentos de pastorais? Cadê a pastoral da juventude?
Se a igreja católica não se modernizar, se não abrir novos horizontes, não vai demorar para que se torne uma igreja de velhos. E isso já está acontecendo.
É apenas questão de tempo.
3 comentários:
Falou tudo Danilo.O problema é que a maioria dos padres trata a alegria como se foose pecado, diversão é sempre profana. Ser católico virou obrigação.
Danilo, eu me interessei muito pelo assunto e estava comentando aqui, mas estava ficando tão longo que resolvi postar no blog =D
Espero que não se importe e leia, porque o post é quase uma resposta ao texto!
Concordo Dueldy
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