Quinta-feira fui cobrir um projeto chamado "Semana Solidária da Criança", em que um bar, restaurante, ou lanchonete convida escolas para passarem um período no local com jogos, brincadeiras, comidas etc. Uma vez por ano.
O projeto é super legal. Para quem participa. Porque, para o repórter (eu)...
O problema não é o projeto em si, mas o fato de ter que entrevistar criança. Adoro criança, acho lindas, legais e graciosas. Mas não me peçam para entrevistá-las. Não quero mais.
Cheguei e já fui logo perguntando para uma das professoras qual das crianças gostava de falar e não tinha vergonha. Logo a professora trouxe uma menina, a qual eu já tinha reparado, era líder das brincadeiras, pulava, cantava, dançava e falava. Pensei: perfeita.
Que nada. A menina não abria a boca. Na verdade, abria sim, para dizer aquelas típicas respostas de crianças: "ahan", "não". Aí, o repórter pergunta: "O que você achou mais legal?". "A cama elástica". Repórter: "Por que?". "Porque sim".
Depois de forçar muito, consegui tirar algumas palavras. Tentei com mais umas quatro ou cinco, mas o resultado, sempre o mesmo: algumas palavras e nada mais. Outras, nem algumas palavras. Era apenas uma balançada na cabeça quando a resposta era "sim" ou "não". Quando não dava para responder "sim" ou "não", a resposta era um olhar para a professora, que estava ali perto, como querendo dizer "me ajuda!".
Não há o que faça a criança dar uma resposta bibliográfica. É claro que não estou esperando de uma menina da 3ª série um: "Na minha opinião, este projeto é um marco em nossas vidas, pois proporciona momentos saudáveis de recreação e divertimento. Em nossa realidade não temos condições financeiras, assim como nossos pais, de freqüentar, nem que seja esporadimente, um restaurante, bar ou lanchonete. Esta atividade é, sem dúvida, guardadas as devidas proporções, um momento inesquecível a todos nós."
Mas não precisa também ser um "porque sim", ou "porque não".
Eu sei que a culpa não é da criança, até porque são poucas as que podem fazer uma análise filosófica, sociológica, ou política da situação. Será que existe um manual de como entrevistar uma criança? Será que existe uma maneira de fazer com que a criança não seja apenas um personagem numa reportagem?
Ontem me deparei com essa situação constrangedora para mim mesmo. Será que eu, quase um jornalista formado, posso me dar ao luxo de não saber entrevistar crianças?
No entanto, isto me instigou a tentar procurar meios de entrevistá-las. Vou aprender e colocar, com exclusividade, uma entrevista exclusiva aqui no blog. Com uma criança, claro.
Isto se tornou um desafio para mim.
2 comentários:
Marque uma entrevista com o elenco do "Será que chove?" e terá as respostas que precisa!
Agora, os seus problemas DEFINITIVAMENTE acabaram!
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