quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Borromeu e o macarrão

Hoje é dia 4 de novembro. Dia de duas pessoas muito especiais. A primeira, é um grande amigo meu, o Júnior, que é seminarista e mora em Campo Grande. A outra é um santo meio desconhecido, mas que, de uns tempos para cá, chamou minha atenção.

Por isso, publico aqui uma entrevista que eu fiz com o próprio santo. Este texto já foi publicado há algum tempo no blog do Grupo Querigma, do qual faço parte na minha cidade. Veja, é muito bacana.


Quando o Lima mostrou a ladainha pra gente, a Sandra cantou "São Carlos Bartolomeu". E a gente "Rogai por nós". Mas o Lima veio e corrigiu: "Não é São Carlos Bartolomeu, é São Carlos BORROMEU!".

São Carlos o quê?

Daquele momento em diante, toda vez que a Sandra cantava essa parte da ladainha, ninguém agüentava e dava risada. "São Carlos Borro... kkkkkk". Mas fazer o que... o nome é engraçado mesmo. Até propus que o nome do grupo fosse São Carlos Borromeu, mas não colou.

Hoje eu, Danilo, tive a honra de fazer uma entrevista com este nobre santo. Não posso revelar onde foi, mas quando cheguei, ele estava comendo um prato de macarrão. Em vez de eu fazer as perguntas, foi ele quem começou:

Servido?

Não. Obrigado.
Por que meu nome causa tanto motivo de risos no grupo de vocês?

Porque é engraçado.
O que tem de engraçado em Borromeu?

(comecei a rir) Nada, é que é estranho. Não é dos mais bonitos. Com todo o respeito, nem sabia eu de vossa existência. Muito menos com esse nome.

E engolindo uma garfada, respondeu cordialmente:

Pois é. Borromeu é por parte de pai. Meu pai era um conde chamado Gilberto Borromeo, com "o". Passado para a sua língua, fica "u" no final (ri baixinho, mas ele não ouviu). Minha mãe se chamava Margarete de Medici.

Bem que tu poderias chamar-te São Carlos de Medici, não é?
É verdade, ficaria mais bonito. Mas a tradição era colocar no filho o sobrenome do pai. E se fosse "de Medici", vocês nem me reparariam na ladainha, você não ficaria curioso e não estaria fazendo esta entrevista agora. Talvez eu nem estivesse na ladainha, porque a melodia não ficaria legal.

Vejo que és muito sábio.
Modéstia a parte, sou sim. Tive boa formação na Itália, onde nasci. Aos 21 anos já era doutor em lei civil e canônica.

Onde nascestes?
Em 2 de outubro de 1538 em Arona. E morri em 1584 em Milão.

Orando antes da refeição

É verdade que eras sobrinho do papa Pio IV?
É sim. Inclusive, logo depois que me formei, meu tio... quero dizer... o papa me nomeou secretário de Estado e, mais tarde, administrador de Milão.

Mas isso não é nepotismo?
Nepotismo? O que é isso?

Ah, deixa pra lá. Mas conta mais. Como foi o Concílio de Trento? Teves um papel importante lá?
Bem lembrado. O concílio estava suspenso desde 1552. Mas eu falei um monte na cabeça do meu tio... quero dizer... do sume sacerdote, e ele resolvou reconvocar. Daí, eu aproveitei e participei da reforma. Escrevei decretos, tomei decisões. Um monte de coisa.

Fostes ordenado padre?
Fui. Mas não sem antes recusar o título de conde, quando meu pai morreu. E só exerci a função de padre quando o Concílio de Trento aprovou o novo catecismo, o breviário e o missal escritos por mim mesmo.

Porque é que todos os santos que conheço tiveram histórias com o povo pobre e o senhor não? Ficastes apenas no alto escalão da igreja?
Não, claro que não. Quando uma severa seca assolou a região em que eu morava, eu conseguiu alimentar cerca de 3 mil pessoas durante três meses, com a ajuda de amigos. Em 1576 um praga devastou Milão e todo mundo ficou doente. Eu cuidava pessoalmente das pessoas nas ruas.

Ele tinha um narizão

Quando tornastes santo?
Fui canonizado em 1610. Meu dia é o 4 de novembro. Lembre-se de mim hein.

E limpou o canto da boca, sujo de molho de tomate.

Qual a sua função?
Sou invocado contra as pragas e doenças. Mas não adianta só ficar me invocando. Tem de ir ao médico também. Sou santo, mas paciência tem limite.

Sabe como curar a gripe suína?
Ainda não tenho a vacina.

És pouco conhecido...
É verdade. Por causa de São Pedro, Santo Antonio, São João e mais alguns aí, as pessoas não me conhecem muito. Mas por um lado é bom, porque me dá menos trabalho. Outro dia eu visitei Santo Antonio e o coitado estava ficando zureta de tanto pedido de casamento. Não conseguimos nem conversar. Assim, livre, eu posso até comer o meu macarrão. Quer um pouco?

Não obrigado. Gostaria apenas de pedir desculpas pelas risadas quando soubemos de vosso nome. São sabíamos que eras tão importante.
Não se preocupe, eu não ligo. Há outro piores como Danilo Lemos Felipe (nome-verbo-nome), Sandra Valéria, Elizaiana Tonha, Jahn Pierre, Ogomar...

E soltou uma gostosa risada. Cheia de macarrão.

9 comentários:

Mariana. disse...

Adorei esse post! Ri de verdade! hahaha

Thay Gomez disse...

Adorei como você transformou o texto na entrevista, Dan. Parabéns, amigo!
Viu que criatividade não lhe falta?

Siga sempre o conselho de Picasso: quando a inspiração chegar, deixe-a encontrá-lo trabalhando =D

Xero!

gustavo disse...

HAHAHA posso dizer o mesmo. super descontraído esse santo

Danilo disse...

Gustavo: Eu gosto de santos desconhecidos porque são menos estressados. É que eles trabalham pouco depois de beatificados. Qualquer hora vou tomar um café com algum outro.

Tyz: Adorei essa frase, Tyz. Vou continuar trabalhando então...

Unknown disse...

Oieee!!!! extremamente feliz... por voltar a escrever, já estava fazendo falta....

bjokas
Aline

Unknown disse...

OLÁ MUITO LEGAL A SUA ENTREVISTA....
ESSE SANTO DEVE SER MUITO BACANA.....
QUE VC TENHA MUITAS INSPIRAÇÕES....
BEIJOKASSSSS
AHHH E QUE TAL LEMBRAR-SE DE SANTA LUZIA NO PRÓXIMO MêS....
NASCI NO DIA DELA....BJSSSS

Danilo disse...

Obrigado Luzia.
Você me deu uma boa ideia. Vou visitar santa Luzia. Valeu!

Danilo disse...

Obrigado Luzia.
Você me deu uma boa ideia. Vou visitar santa Luzia. Valeu!

Anônimo Estêvão disse...

kkkkk

Brother, obrigado pela homenagem no seu post... kkkk rachei de rir!!!

Danilo Lemos Felipe (nome-verbo-nome), Ogomar... vc não perde a oportunidade né? ahahha eheheh opkskopskopskop kkkkkkkk