segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Um lugar na minha infância

Não sei qual foi o sentimento que me bateu ontem. Se foi alegria ou tristeza. Mas foi nostálgico.

Quando cheguei ao sítio onde moram meus tios em Uraí, ontem, na hora do almoço, senti novamente o frescor da natureza, num lugar que fez parte da minha infância. Há muito tempo não sentia aquilo, porque há muito tempo não ia àquele lugar.

Comecei a me lembrar de tudo. Olhava as crianças correndo, quando passou por mim um menininho branquelo, dos cabelos encaracolados e dourados à luz do sol. Ele corria para lá e para cá, numa alegria sem tamanho. Com ele, sempre um outro menino, quase da mesma altura, também branquelo, mas dos olhos puxados e cabelos lisos.

Aquele sítio fez parte da minha vida. Estava tudo igualzinho da última vez que eu estive lá. Depois que meu avô ficou doente, não fomos mais. Meus primos que lá moravam, alguns se casaram, outros tiveram filhos, outros se mudaram. Então, não tinha mais como brincar no terreiro, nem no balanço, nem no matadouro, nem dava para roubar castanhas no pomar do sítio vizinho. Isso era coisa de criança.

Mas os dois meninos me chamaram a atenção. Pensei já ter visto o loirinho, mas não me lembrava. Por isso, comecei a seguí-lo. O almoço sempre sai tarde na casa da tia Célia e do tio Paulinho. Sempre o macarrão, a maionese e o famoso frango caipira. Os dois meninos almoçaram e já saíram correndo pra brincar no terreiro, num balanço de cordas que o tio havia feito pra eles.

Logo depois, o menino pediu à minha mãe para brincar no rio, mas ela não deixou. Então, ele foi ver o chiqueiro. Ele parecia adorar. Entrou no matadouro, correu pra lá, correu pra cá, subiu nas árvores, pulou as cercas, atiçou o cachorro, caiu nas pedras e ralou os joelhos. Tudo isso eu observava e pensava: "Como é bom ser criança".

Não demorou muito e chegou a criançada com um monte de castanhas amontoadas nas camisetas, bolsos e sacolas. E o loirinho, já com o cabelo todo desgrenhado e cara toda suja de terra dizia: "Roubamos ali no sítio". E gargalhavam. Fazer o quê? Devolver? Que nada. A tia Célia pegou e fez doce. O que eu mais gostava.

À tarde, todo mundo saiu da casa e foi para o rio, e lá foi o branquelinho correndo na frente, feito doido. Brincou a tarde toda na "prainha", que era como a gente chamava um lugar do rio que tinha um pouco de areia e que era raso. Perfeito para as crianças.

Já era quase noite e eu não me lembrava quem era o menino, quando alguém chama: "Danilo, Toninho, hora de ir embora!". O menino saiu correndo e pulou pra dentro do Corcel II do avô e foi embora. E fiquei ali, observando. Será? Pensei:

- "Então, o japonesinho é meu primo e o do cabelo enrolado sou..."

eu, meu primo e meu irmão no carrinho

Nem terminei de falar e me gritaram.

- "Danilo, vai ficar aí parado até que horas?", gritou a tia Célia lá de dentro da casa. "Faz um tempão que você chegou e está aí olhando para o nada. Parece até que viu um fantasma..."

- "Não foi nada, tia.", respondi. "É que eu... deixa pra lá".

5 comentários:

Thay Gomez disse...

T.T

Thay Gomez disse...

Cara, você é melhor do que eu, sem falsa modéstia! =)

Cuca disse...

quando vou no sítio do meu pai, tb me vejo assim... dá um nó na garganta.

Danilo disse...

Nostalgia total!

Cuca disse...

é pq os biscoitos que eu ganhei vieram na latinha de piratas do caribe! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk