Uma das coisas que meu pai me ensinou foi não jogar papel na rua. Quando a gente é criança, a gente faz até sem pensar, a gente tenta imitar quem está do nosso lado. Eu via meu pai jogando papel no lixo, ia atrás e jogava também. Se ele jogasse o papel no chão, com certeza, eu jogaria também. A questão é imitar.
Vi num filme, esses dias, na Tela Quente, que o cérebro de uma criança é uma esponja, absorve tudo, diferentemente do cérebro de um adulto, ou de um adolescente, que só absorve o que quer. Por isso, aprendi que jogar lixo no chão é errado. Mas eu paro pra pensar e penso o seguinte: meu pai me ensinou assim, o pai do meu amigo não. Hoje em dia eu começo a perceber que quase todos são iguais aos pais do meu amigo.
É tanto lixo na rua que dá nojo. E não é longe de casa não, é perto, é do lado, é em volta. O lixo está por toda parte. Outro dia eu estava esperando uma carona em frente à maternidade de Londrina, ali no centro, num ponto de ônibus. Estava chovendo. No ponto também estava um homem de uns 40 anos e mais dois rapazes mais novos conversando.
O tal homem de uns 40 anos foi até um pequeno trailer ao lado do ponto do ônibus, destes que vendem doces, e comprou uma paçoca, destas que vem com papelzinho. Ele comeu o doce e jogou o papel no chão, bem na beirada da rua, onde tinha uma poça. Fiquei meio revoltado e olhei para ele. Meu olhar dizia assim: "Você vai ter coragem de deixar o papel aí?". Com um outro olhar ele me disse: "Sim".
Então, para não ter que chamar a atenção do cara e constrangê-lo na frente dos outros, me abaixei, peguei o papel e joguei no lixo que, por sinal, estava ao lado dele. Mas para minha surpresa, ele me disse assim: "Você poderia muito bem ter me chamado a atenção, que eu pegaria o papel". Eu pensei assim: "Mas eu fiz isso justamento para você não passar vergonha". Mas disse assim: "Já pensou se todo mundo jogar o papel na rua igual a você?". Ele respondeu: "Mas você me fez passar vergonha na frente dos outros, você é um sem educação, deveria me pedir desculpas".
O que você responderia? É, foi exatamente isso o que eu PENSEI na hora, mas não disse. Depois, pensei melhor e deduzi: "Ele não tem culpa. Com certeza, o pai dele não é igual ao meu".
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