Primeiros socorros... inúteis, mas nem tanto

Quase presenciei uma morte. De um menino. Por asfixia.

Mas vou começar pelo começo. No final do ano passado, a Unimed promoveu um curso de primeiros socorros no Moringão e mandou alguns convites para a prefeitura. Como, geralmente, ninguém gosta deste tipo de curso, sobrou pra quem? Os lindos estagiários.

E lá fui eu, a Taynara e Paula naquele frio delicioso. Pra aproveitar aquela linda manhã de domingo chuvoso, perfeita para sair de casa (ai), resolvi me dedicar ao curso - fiz até matéria. Aprendi os passos para o salvamento, para socorro de um enfartado, um asfixiado, um afogado, um derramado.

Massageei bonecos
Fiz respiração boca-a-boca com bonecos
Acudi os bonecos
Até me diverti
Até apareci no Paraná TV!

Mesmo assim, achei aquilo tudo inútil, batido, carne-de-vaca, nunca usaria.

Grande tolice.

Quando foi no domingo passado, estava eu jogando futebol com meus amigos, quando de repente, chega o Vinícius, de uns oito anos, desesperado, gritando já rouco que havia engolido uma moeda. Ele estava jogando com os amiguinhos ali do lado, COM UMA MOEDA NA BOCA... Ele estava ficando branco.

Na hora, lembrei dos tais inúteis primeiros socorros. Meio que por instinto, dei um apertão na barriga dele, do jeito que ensinaram no curso inútil, não sem antes, também por instinto, dar murro nas costas do moleque (acho que isso o fez piorar até). Na primeira tossida, a moeda (meu Deus, era de um real) voou longe. E o menino corou.

Aí, foi a minha vez de ficar pálido. Cadê que eu consegui voltar a jogar. Não consegui nem ficar de pé. Minhas pernas ficaram bambas. Sentei na beirada da trave e quase me deu enfarto. Quase que eu mesmo precisei de massagem cardíaca. Foi quando me lembrei dos tais inúteis primeiros socorros.

Pensei de novo e acabei tendo que admitir que não eram tão inúteis assim.

Quase presenciei uma morte. Mas ainda bem que não passou do quase. Né, Vinícius?