quinta-feira, 29 de maio de 2008

“Falando sério” no Caic"

Ontem (dia 28) a Taynara e eu fomos dar uma oficina de jornalismo impresso, lá no Caic da região sul, em Londrina. Lá no União da Vitória. São alunos que estudam lá mesmo. Cara, como é gostoso esse lance de comunicação comunitária. É uma pena que não dá dinheiro... mas isso a gente vê depois...

Demos a terceira oficina. As outras duas foram de rádio, na semana passada, e webjornalismo, na semana retrasada. Era um grupo de 10 alunos. Não sei como escolheram esses meninos e meninas para as oficinas, só sei que são pessoinhas excelentes, inteligentes e espertas. No começo, estavam tímidos e desconfiados.

A Ernesta é a mais tímida. Não falou quase nada durante toda a conversa. Mas depois se mostrou atenciosa e preocupada em fazer o melhor. Foi uma grande surpresa.

O Emerson, o mais falador de todos. Se não for jornalista, com certeza será humorista. O mais extrovertido dos 10. Além da matéria, escreveu o editorial do jornal. Bacana!

O Romário não é o dos 1000 gols, mas só dá bola dentro. Só sai idéia legal daquela cabeça. Menino super inteligente. Vai se dar bem em tudo o que fizer.

A Prisca tem o nome mais diferente que eu já vi e é também uma das meninas mais faladeiras que eu conheci. Uma expressão define bem essa menina: cara-de-pau. Mas é no bom sentido. Foi a que mais se envolveu, entrevistou, falou, deu idéias. Legal mesmo.

A Maria Aparecida parece que é grudada na Prisca. Acompanhou a Prisca e acabou fazendo uma matéria sozinha! Legal hein...

O Allan, com 2 “eles”, é o Crau, o menino do boné. Ele foi entrevistar o dentista e passou por um mal bocado... O dentista reclamou da postura dele, do boné dele e de tudo! Mas depois o Crau ficou frio, porque quem estava errado era o dentista, simplesmente porque ele é dentista e não jornalista, por isso, não sabe nada. E o Crau de um créu no dentista. Bem feito.

O Tiago, sem "h" chegou atrasado, mas trabalhou bastante também. Fez foto, fez matéria. Ele só não fala muito, mas não precisa. Deu para perceber a personalidade do menino: trabalha muito e fala pouco.

A Mariana é a menina borboleta. Como escreve bem... Escreveu matéria e escreveu um crônica. Linda. Ou, como dizem umas pessoas aí, um chuchu. É a mais criativa. Querem um exemplo?: caicom.blog.terra.com.br. É só entrar e ver.

A Letícia parece que é grudada na Mariana. Não se largam. Literalmente. Tem lindos cabelos longos e encaracolados. Muito esperta e falante. Tanto que, quando entrevistou a cozinheira Fátima, conseguiu descobrir até que a mulher acha que está grávida.

A Suellen é a escritora da turma. Já pegou o jeito logo de cara. Na matéria dela, colocou falas do entrevistado, entre aspas, vírgula, verbo, tudo certinho. Muito inteligente.

Primeiro, nos conhecemos, nos entrevistamos, eles aprenderam sobre a estrutura de uma matéria (manchete, linha-fina, lead e corpo do texto). Folhearam jornais – que, por sinal, sabiam apenas que serviam na hora da chuva, para colocar embaixo da goteira – leram, visualizaram as matérias.

Mas a parte mais interessante foi quando eles saíram para entrevistar. Saíram de dois em dois e entrevistaram cozinheira, zeladora, professores, e outros funcionários, ali mesmo no Caic. Para minha surpresa, foram perguntas inteligentíssimas, boas mesmo. Depois, partiram para a escrita, que foi o que mais me surpreendeu. Ah, o nome do jornal ficou “Fala Sério”. Fala sério hein...

Alguns ali escrevem melhor que muita gente que estuda comigo. E olha que eu estou no 4º ano de jornalismo. Foi uma experiência marcante para mim. Muito mesmo. É muito importante que as pessoas que moram nas periferia sejam valorizadas, é importante que sejam reconhecidas como pessoas de valor, como realmente são. E isso eu percebi ao conhecer essas 10 pessoinhas maravilhosas.

Talvez sejam jornalistas, talvez não. Talvez sejam médicos, dentistas, donas de casa, jogadores de futebol, atores e atrizes, cantoras e cantores, escritores, talvez não. Talvez tenham filhos, talvez não. Mas sonham. E sonhar não faz mal nenhum, pelo contrário, faz um bem danado. Principalmente para quem a sociedade não dá oportunidades. Principalmente para quem é de periferia.

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