segunda-feira, 6 de julho de 2009

Não é para mim

Eu não ia escrever sobre a última peça que eu assisti no Festival Internacional de Londrina (Filo), "prESENCIAS Entre Salamanca & Samarcanda" mas a pedido da minha amiga Regiany, que presenciou a peça comigo, vou escrever.

Eu não ia escrever que, quando eu vi a resenha da peça, fiquei super empolgado. Primeiro, porque nunca havia assistido a um musical, muito menos espanhol. Dizia que a atriz cantava músicas antigas de cidades entre Salamanca, na Espanha, e Samarcanda, na China, se eu não me engano.

Eu não ia escrever que eu ainda acreditava que a peça iria melhorar depois que as cortinas se abriram e a mulher apareceu sentada atrás de um contrabaixo arranhando o pauzinho em apenas uma corda e cantando uma música celta (prefiro acreditar que era uma música celta, porque se o meu irmão estivesse assistindo, iria dizer que ela estava apenas chorando). Isso durou mais ou menos meia hora.

Eu não ia escrever que em cada um dos muitos atos da peça, a mulher cantava "músicas" parecidíssimas com a primeira (se o meu irmão estivesse assistindo, diria que era a mesma). O palco não tinha quase nada e ela ficava mais ou menos meia hora (de verdade) cantando a mesma música e fazendo mais alguma coisa chata.

Eu não ia escrever que, quando ela apareceu com uma roupa bem bonita e uma faca fincada na cabeça, eu acreditei que o negócio ia melhorar e ela ia fazer uma dança flamenca. Que nada. Só ficou gritando. Ou fui eu que não entendi o que ela estava fazendo.



Eu não ia escrever que eu senti vontade de sair; que eu conversei sobre trabalho com a Regiany; que eu contei piada; que eu falei da minha família; que ela falou da dela; que nós combinamos de ir comer um lanche depois da peça; que eu disse que aquela era a segunda vez que eu fui de carro, dirigindo, à Londrina; que eu estava com fome; que ela tinha entregado um trabalho na faculdade naquele dia. Tudo isso enquando a atriz encenava o 3º ou 4º ato, se eu não me engano.

Eu não ia escrever que, no final da peça, a atriz conversou com o público e avisou que naquele momento ia fazer um número engraçado. Confesso que tive uma pontinha de esperança. Mais uma vez, foi em vão. Ela fez um número super igual aos outros atos. E o pior, durou mais uma meia hora.

Eu não ia escrever que esta foi a segunda vez que eu me arrependo de ir a uma peça. A primeira foi em "A poltrona escura", do Cacá Carvalho. Um monólogo chatíssimo, pelo menos para mim, na época um adolescente que nunca tinha ido ao teatro (tanta peça pra ir e eu fui estrear logo num monólogo?).

Eu não ia escrever que eu acredito que o que faz uma peça ser realmente uma peça, é o ator fazer o que as pessoas da platéia normalmente não conseguiriam fazer (é isso o que torna o ator, um ator). E a atriz espanhola realmente fazia um monte de coisas que eu não consiguiria fazer nunca. Mas também não pretendo.

Finalmente, eu não ia escrever que eu prefiro peças simples, com comédia, sem muita subjetividade. Porque o tipo de arte apresentado em "prESENCIAS Entre Salamanca & Samarcanda" não é para mim, simples leigo na arte de apreciar arte.

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