quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um segundo de desatenção

Quarta-feira à tarde. Um cara sai com sua moto do trabalho e está indo embora para casa. No meio do caminho começa a chover. Uma tempestade. Os pingos de chuva parecem pedras para o motoqueiro, que está apenas de calças jeans e camiseta.

Já todo molhado, ao passar pela cidade vizinha, ele tem um infortúnio contratempo: na avenida principal desta cidade, a única com semáforo, a viseira do capacete embaça e molha, fazendo com que a visão do cara fique comprometida.

A idéia foi a de levantar a viseira, mesmo na chuva, para ver melhor. Mas, ao levantar a viseira, POF! O semáforo! O carro da frente pára e o motoqueiro bate atrás. Ele cai de barriga no chão, causa um congestionamento, já que era hora do rush.

A maior preocupação do motoqueiro, desatento, era com o carro da frente que, por sorte, não sofreu nenhum arranhão. O dono do carro, a vítima, é até gentil e quer levar o acidentado para o hospital, sugestão que não foi aceita pelo motoqueiro. Na moto, apenas algumas escoriações, assim como no dono dela.

Ainda bem mesmo que não aconteceu mais nada de grave, ou o motoqueiro poderia não estar aqui relatando agora seu primeiro primeiro acidente de moto. Tomara que seja o último também.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Vida de gado"

Este é o título da reportagem de Gilberto Nascimento, que está na revista Carta Capital desta semana. Vi isso no blog do Cláudio Osti, o "Paçoca com Cebola" e achei muito curioso e deprimente.

Na matéria (clique aqui para ler parte dela) o jornalista fala sobre a situação precária de clubes de futebol pequenos e médios pelo Brasil. E para provar a situação, ele visitou nada menos que nossa querida Lusinha, a Portuguesa Londrinense.

Há depoimentos de ex-jogadores, que falam sobre a situação dos alojamentos do time, dos meninos futuros jogadores que nem estudam, da comida sem qualidade, da prostituição (é, da prostituição) e outros assuntos.

Para você ver que vale a pena ler, olha uma das declarações de Amarildo Vieira, presidente do clube, sobre a suspeita de que os jogadores vivem à base de pé de frango: “Isso é uma coisa inventada por um jornalista da tevê de Londrina. A base da alimentação é peixe e macarrão, que tem carboidrato para os atletas. Podem ter sobrado uns dois pezinhos de frango de vez em quando. Mas quem falou isso é o maior mentiroso da face da terra”.

Sobre a suposta prostituição: “Os gays sabem que aqui está cheio de garotos e ficam rondando. Mas o que eu posso fazer? Eu falo com os meninos, procuro conversar. Como sou evangélico (da Igreja do Evangelho Quadrangular), levo a palavra de Deus para eles. Sempre trago alguém aqui, de várias igrejas, para fazer a pregação”.

Pena que não está inteira no site. Mas vou comprar a revista amanhã e vou ler, pois fiquei curioso e deprimido.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

No balanço do busão...

Quem anda de ônibus todos os dias há de concordar com certos fatos estranhos, chatos e incomodantes que acontecem dentro de um coletivo. Podem reparar e tirar a prova real.

**********

A pessoa que entra no ônibus só senta perto de alguma outra pessoa quando não tem outra opção. Se há lugar vazio, ela se senta lá, naquele banco que só cabe um, ou naquele que cabe dois, mas não tem ninguém. Nunca perto de alguém.

**********

O fone de ouvido é uma nítida forma quem a pessoa tem para dizer: “Não quero conversar, não enche!” É uma outra prova do “anti-socialismo” das pessoas.

**********

A pior coisa do mundo é andar de ônibus quando está chovendo. São 500 pessoas num carro que só cabem 75, às 6 da tarde, e todo mundo fecha o vidro. É fim de expediente, gente. O que tem de mal se molhar um pouco? Mas não. Ninguém admite que caia uma gota d’água no cabelo chapado desde as 5 da manhã.

**********

Se está com frio, vem de blusa. Em tempos de inverno, janela fechada de novo, porque a pessoa não quer estragar o penteado. Não sou obrigado a respirar o mesmo ar daquela pessoa que está gripada, ou daquele molequinho ranhento que está limpando o nariz na manga da blusa da mãe.

**********

Com a janela fechada, na chuva, o vidro embaça e todo mundo fica passando a mão. É nojento! Fica embaçado porque as pessoas respiram e tudo o que sai do nariz e da boca de todo mundo fica ali no vidro e nas hastes onde a gente segura, inclusive moléculas daquele pão de queijo e daquele chocolate hidrogenado que a pessoa comeu à tarde.

**********

Deveria ser proibida a entrada de homens com camiseta regata em transporte coletivo. São 6 da tarde, o ônibus entupido, o cara sai da construção civil e vem com aquela regata segurando na haste na parte de cima. O braço erguido. Meu Deus, não preciso nem continuar.

**********

Agora, quer ver o inferno? Experimenta pegar um coletivo às seis da tarde, num dia bem chuvoso. No calor ou no frio, tanto faz.

**********

Hoje eu tenho um moto, ultimamente não preciso mais andar de ônibus. E nem quero mais. Na verdade, nunca quis, porque é um martírio. Quem agüenta isso há anos, merece, com certeza, um tijolinho no céu, uma beatificação no vaticano, um carro – e eu me incluo nisso. No entanto, quando chove (ai meu Deus, quando chove), não dá pra ir de moto... aí, fazer o quê, não é?

sábado, 8 de novembro de 2008

João e o pé feijão

A história de João e o pé de feijão é uma história que não tem mocinhos, a não ser a esposa do gigante. No total, são cinco personagens: o próprio João, sua mãe, o gigante e sua esposa e a fada madrinha.

A história é a seguinte: um gigante malvado roubou os tesouros do pai de João, que era muito rico, deixando-os na miséria. Aí, já percebemos a primeira característica má, a do gigante, que é um ladrão folgado. João e sua mãe viviam desde então numa cabana na floresta e tinham apenas uma vaca. O menino convence sua mãe a vender a vaca e a troca por três sementes de feijão.

Ao acordar pela manhã, João viu que nasceu um gigantesco pé de feijão bem onde sua mãe havia jogado as sementes, após se enfurecer com a troca pela vaca. Ele então resolve escalar o pé de feijão e chega a um país estranho, nas nuvens. Até aí, todo mundo muito bonzinho, e o gigante malvadão.

Mas ao chegar no topo da planta, João encontra a fada madrinha, que era a fada madrinha do pai de João, contando toda a história do roubo do gigante e incentivando o menino a recuperar a riqueza de seu pai, ou seja, roubar. Repare na índole da fada. Está mais para “foda”.

É aí que se revela a índole maléfica do João, o “mocinho” nas histórias tradicionais. Ele engana a mulher do gigante e rouba a galinha que botava ovos de ouro. No Brasil, João pegaria de quatro a 10 anos de prisão por roubo. Ao voltar para casa, ele e sua mãe ficam ricos com todo o ouro que saía da galinha. A mãe também é má, porque é cúmplice do roubo de João. Além disso, é também cínica, porque reclamou quando da troca das sementes pela vaca, e depois ficou toda feliz quando João trouxe dinheiro para casa. O que o dinheiro não faz, não é?

Pois bem, depois de algum tempo, já rico, João resolve voltar ao castelo do gigante, desta vez disfarçado (falsidade ideológica). João é também muito ganancioso. Novamente, ele engana a esposa do gigante, que, além de coitada, é burra também, e rouba os dois sacos de moedas de ouro. Mais quatro a 10 anos de prisão. Ao voltar, novamente a mãe é cúmplice.

Como se não bastasse, depois de algum tempo, já milionário, o ganancioso e sovina João volta ao castelo e engana novamente a ingênua esposa do gigante. Desta vez, o roubo foi da harpa que tocava sozinha. No entanto, desta vez, o gigante percebeu e foi atrás de João, que saiu correndo e foi escalando para baixo o pé de feijão com a harpa na mão.

Neste momento, a face mais maléfica do rapaz se revela. A chegar ao chão, a mãe (sempre botando fogo e ajudando João em suas maldades) lhe dá uma machadinha e ele corta o pé de feijão, fazendo o gigante cair de cabeça no chão e morrendo instantaneamente. Um latrocínio. João é um assassino frio e cruel, que consegue tudo o que quer de forma ilícita. No Brasil, ele poderia pegar até 30 anos. A mãe, mais alguns, por ser cúmplice novamente.

Assim, viveram felizes para sempre, ricos, milionários com dinheiro roubado do gigante. Final feliz, mas horroroso. Os bandidos venceram.

Portanto estes são os crimes:
Gigante: roubo
Mãe: cumplicidade em todas as maldades de João
Fada: é má. A que incentiva e dá o pontapé inicial para as atrocidades de João
João: maria-vai-com-as-outras, roubo, chantagem, falsidade ideológica, assassinato qualificado, corrupção, latrocínio, lavagem de dinheiro.

Tenho certeza que a descendência de João inclui nomes como Napoleão Bonaparte, Adolf Hitler, Benito Mussolini, Josef Stalin, Mao Tse-tung, Nicolau dos Santos Neto, Augusto Pinochet, Fernando Collor, Antonio Belinati. Cada um herdou um qualidade negativa de João.