segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Evangelho de Barrabás



Imagine um Jesus azarado.

Pois esta é a melhor descrição para Barrabás em "O Evangelho de Barrabás", de José Roberto Torero e Marcus Aurélius Pimenta. Os autores recriam a história de um personagem que apareceu só lá naquele julgamento em que Jesus foi condenado à cruz, mas ninguém mais sabia qualquer coisa sobre ele.

Vale lembrar: "Barrabás" significa "Filho do Pai", que lhe deixa ainda mais semelhante a Jesus.

No livro, lançado em 2010, Barrabás aparece como um contemporâneo de Jesus. Seus pais também se chamam José e Maria. Barrabás e José também acreditam que a criança é fruto do Espírito Santo, mas os cabelos vermelhos não negam quem é o pai. No livro isso fica mais claro.

Há até uma passagem em que a Sagrada Família se encontra com a família de Barrabás, porque os dois vão se alistar em Belém na época do Nascimento. Barrabás também ganha presentes, mas o destino dele é bem diferente.

O rapaz é tão azarado que (não sei se é essa a intenção dos autores) o leitor acaba tendo um simpatia por Barrabás e acaba entendendo o tal comportamento desordeiro, como é retratado na Bíblia.

Os capítulos são curtíssimos, coisa de duas páginas ou três. E há capítulos muito engraçados como quando Barrabás surfa sobre as águas, ou quando ele transforma a água em vinho, ou ainda quando ele começa a disseminar a religião do Barro, o Barrabismo, e também quando ele é absolvido no julgamento com o nazereno.

Ah, e tem uma outra personagem importantíssima: Maria Magdalena. Ela é a primeira mulher de Barrabás, mas tem a cabeça muito confusa e acaba traindo o amante e indo seguir outros profetas, entre eles um nazareno, cujo nome não é citado no livro.

É uma história interessantíssima, claro, sem nenhum valor histórico. Histórico mesmo, só a brilhante ideia dos autores de reproduzirem a vida de Barrabás de forma tão engraçada.

Para aqueles que pensam "Nossa, esse livro é uma blasfêmia", ou então "Que pecado, estão tirando sarro da Bíblia", podem ler, porque ele não cita em nenhum momento o nome de Jesus, apenas conta a história de Barrabás. Qualquer semelhança, pode ser mera coincidência. Ou não. Depende do ponto de vista do leitor.

E o final é bem legal.

O problema é que ele ainda não existe no sebo, porque é muito novo. Comprei na livraria e paguei R$ 36,00.

Mas vale a pena.

E aqui vai um vídeo de divulgação do livro. É uma entrevista com Jesus e Maria Magdalena.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Abusado



Abusado, de Caco Barcellos, conta a história do morro Dona Marta do Rio de Janeiro, tendo como personagem principal o traficante Marcinho VP, que no livro é chamado de Juliano VP. Mas esse Marcinho VP não é mesmo Márcio Nepomucemo, que está preso no Rio de Janeiro.

Em forma de livro reportagem, "Abusado" tem uma leitura bem dinâmica e uma linguagem bem fácil. Também capítulos curtos, o que eu gosto bastante. Apesar das quase 600 páginas, li em uma semana, porque "Abusado" é desses livros que te prendem da primeira à última página.

Confesso que teve vezes em que eu coloquei o relógio pra despertar meia hora mais cedo só pra ler mais um pouquinho. E ficava até de madrugada lendo. Li bem tarde (era pra eu ter lido na época da faculdade) e confesso que me arrependi, deveria ter lido há mais tempo.

Este é Marcinho VP. No livro ele está sob o pseudônimo de Juliano VP. Caco quis preservar a identidade do traficante, na época, preso em Bangu.

No livro há passagens muito interessantes. Por exemplo, o clipe "They don't care about us", do Michael Jackson, foi gravado na favala Santa Marta e o astro americano contou com a proteção da turma de Juliano. Depois disso, houve o episódio das entrevistas publicadas nos maiores jornais do Rio de Janeiro, que tornou Juliano o traficante mais procurado do Rio.

Lendo, o leitor entende como o tráfico funciona e porque tantos meninos e meninas das favelas entram para o tráfico e querem ser traficantes desde crianças. Mesmo mostrando o lado humano de um traficante, Caco procura deixar claro que Juliano não está no caminho certo e nem que o tráfico de drogas seja o único caminho para o favelado, embora o traficante seja tratado como uma espécie de herói pelos moradores da favela.

O livro foi publicado em 2002, dois meses antes da morte de Juliano na cadeia. Aliás, na época da publicação do livro, a maioria dos entrevistados do livro já haviam morrido na guerra do tráfico.

"Abusado", portanto, é leitura obrigatória. Prometo que, apesar das 600 páginas, parece que tem 30. A maneira de escrever de Caco Barcellos prende o leitor e a leitura flui rapidamente. Os olhos vão como pardais pelas páginas.

Aliás, Pardal é o nome de um dos personagens do livro.

Bom, sem mais, fica a dica. Seja abusado e leia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Inocência

Tem coisas que às vezes eu ouço e dou risada sozinho depois.

Esta semana eu estava em Jaboti, que é uma cidade aqui do Paraná (não sabe onde é? Nem eu, ore para São Google), quando passou por mim uma turminha de crianças, que não deviam ter mais que 9 anos de idade. De certo estavam indo fazer educação física, já que havia dois professores junto.

A menina pergunta bem inocente: "Professora, se a gente não fizer catequese, não pode comer aquele negócio lá na missa?"

A professora, bem seca, e sem olhar pra menina responde delicadamente: "NÃO!"

Menina: "Ah tá"

Tem coisas que às vezes eu ouço e dou risada sozinho depois.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Hipopotireoidismo

Depois de se tornar um dos melhores jogadores da história do futebol, eleito pela Fifa três vezes como o melhor do mundo (1996, 1997 e 2002), 75 gols pela seleção, perdendo só para o Pelé e, como Pelé não conta, dá pra dizer que foi o maior artilheiro da seleção, 15 gols em copas do mundo;

Depois de jogar em Barcelona e Real Madrid e conseguir a proeza de ser amado pelos dois clubes, jogar em Inter e Milan e também ser amado pelos dois, jogar no Corinthians e ser amado por todas as torcidas (menos a do Santos, depois da final do Paulistão de 2009);

Eis que chegou a hora da despedida de Ronaldo.

Claro que as contusões ajudaram, mas o peso extra ajudou mais ainda.

E hoje, na entrevista coletiva, Ronaldo revelou o motivo do peso extra:

HIPOPOTIREOIDISMO





Obrigado, Maurício, pela dica

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pena de gambá

Agora a pouco li a notícia de que o Santos jogou mal e empatou com a Ponte Preta por 2x2.

Agora a pouco li a notícia de que o Palmeiras venceu o Mirassol por 1x0 e é o novo líder do Paulistinha.

Mas acabei de voltar do Bar do Cristiano onde assisti à deliciosa vitória do Tolima. Me lembrei do Mazembe no ano passado. E como já estava meio tonto por causa de umas cervejas, misturei tudo e virou um Tolimazembe só.

A noite, no fim das contas, foi maravilhosa.

Para quem ainda tinha esperança de... bom, deixa pra lá. Hoje não quero zuar ninguém. Mas confesso que acabei de ver um vizinho chorando num banquinho na beira da rua. Se não me engano, ele estava com uma camisa do Corinthians. Não contive o riso. Ou melhor, a gargalhada.

Deve ter brigado com a mulher. Certeza.

Ontem mesmo sonhei que o Santos venceu o Corinthians por 5x0 na final da Libertadores. Claro, é um sonho que não vai se realizar nunca.

Motivos óbvios.

Uma pena. Pena de gambá.